Entre agosto de 2023 e dezembro de 2024, os sistemas do INSS acumularam 1.466 horas de inatividade, equivalentes a aproximadamente 183 dias de trabalho, considerando uma jornada diária de 8 horas. Esse período representa cerca de 35,3% dos dias úteis nesse intervalo, evidenciando um impacto significativo na capacidade operacional do Instituto. Tais indisponibilidades somam-se a, pelo menos, 67 dias de falhas do sistema no primeiro semestre de 2024, o que, por si só, já demonstra um problema crônico no INSS.
As recentes declarações do presidente da Dataprev, Rodrigo Assumpção, publicadas pela Folha de São Paulo no dia 11 de março, que minimizam as falhas nos sistemas do INSS como “naturais” e afirmam que não impedem o trabalho dos servidores, revelam uma preocupante desconexão com a realidade enfrentada pelos profissionais que se dedicam diariamente ao atendimento da população.
Contrariando a visão do presidente da Dataprev, os servidores do INSS há muito tempo denunciam o descaso e o fato de que têm sido obrigados a extrapolar suas jornadas de trabalho, atuando durante noites, madrugadas e fins de semana, para cumprir metas e assegurar o atendimento à população. Essa dedicação vai além das obrigações contratuais e demonstra um compromisso inabalável com os cidadãos que dependem dos serviços previdenciários.
Enquanto os servidores se sacrificam para manter a qualidade do atendimento, a liderança da Dataprev parece alheia às dificuldades impostas pelas falhas sistêmicas recorrentes. É inadmissível que a empresa responsável pela tecnologia do INSS trate com naturalidade interrupções que comprometem a análise de benefícios e ampliam as filas de espera, que já somam quase dois milhões de pedidos pendentes.
Diante desse cenário, causa estranheza a postura omissa da gestão do INSS, que até o momento não adotou medidas enérgicas para cobrar formalmente providências da Dataprev. A eficiência e a continuidade dos serviços prestados aos cidadãos não podem ser prejudicadas pela inércia ou pela falta de compromisso de gestores que deveriam zelar pela infraestrutura tecnológica do Instituto.
O SindisprevRS manifesta indignação com a situação e está tomando as medidas cabíveis. Serão solicitadas, via Lei de Acesso à Informação (LAI), todas as informações pertinentes às falhas sistêmicas, e denúncias formais serão encaminhadas aos órgãos competentes, responsabilizando tanto o INSS quanto a Dataprev por inviabilizarem a execução adequada dos trabalhos pelos servidores.
É hora de reconhecer e valorizar o empenho dos trabalhadores que, mesmo diante de adversidades, mantêm o compromisso com a população. A presidência da Dataprev deve assumir sua responsabilidade e agir com a urgência que a situação exige, garantindo a estabilidade e a eficiência dos sistemas que garantem o funcionamento da Previdência Social no Brasil.