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“Ainda estamos com medo”, afirma morador do Quilombo Silva

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Representantes de movimentos sociais, de direitos humanos e sindicatos acompanharam, na tarde desta quinta-feira (09), o Ato Público pela não discriminação e preconceito racial às famílias quilombolas do Quilombo Silva. Com performances de teatro de rua e música, a manifestação pacífica ocorreu em frente ao Palácio Piratini, no centro de Porto Alegre. “É preciso um basta à violência dos policiais militares, que são treinados para cercear a liberdade de negros, pobres e movimentos populares e democráticos”, disse uma manifestante, que também fez referência a dezenas de policiais militares do Pelotão de Operações Especiais (POE) que vigiavam o ato.

Embora tenha tido garantias de integrantes do governo estadual que atos de tortura e discriminação social e racial não seriam mais praticados por brigadianos do 11ºBPM, a comunidade do Quilombo Silva, no bairro Três Figueiras, ainda está acuada com a presença de soldados próximo da área federal titulada pelo Incra como o primeiro Quilombo Urbano do Brasil. “Ainda estamos com medo. Meu neto não sai mais para a rua, depois que dezenas de brigadianos invadiram o quilombo, no final de agosto. Nós somos trabalhadores, e não bandidos”, desabafou Lorivaldino Silva, presidente da Associação do Quilombo Silva.
 
Nesta tarde, na Praça da Matriz, integrantes de inúmeros movimentos e sindicatos que fazem parte do Comitê de Apoio ao Quilombo Silva participaram do ato. “Outras comunidades sofrem com o abuso policial. A Vila Cruzeiro, por exemplo, foi invadida por policiais militares, há um mês, porque um jovem compôs uma música denunciando extorsão e tortura policial. É preciso um basta”, disse Rejanete Souza Bispo, coordenadora da instituição de Direitos Humanos Akanni. Para a coordenadora do Movimento Negro Unificado, Sílvia Vieira, “o racismo institucional tem de acabar. O governo do Estado tem a obrigação de punir os soldados culpados. O próprio Estado tem que responder judicialmente” defendeu.
 
A comunidade do Quilombo Silva pede celeridade na sindicância aberta pela Brigada Militar. Ao mesmo tempo, os moradores exigem o afastamento dos Pms, que ainda rondam ruas próximas ao quilombo. “Os movimentos sociais precisam sair às ruas. A discriminação está espalhada em todos os lugares, seja contra pobre, negro, índio e deficientes”, disse Mestre Chico, um dos fundadores do Círculo de Cultura Tambores de Angola.
 
No Ministério Público do Estado, Comitê Estadual Contra a Tortura e Ministério Público Federal foram feitas representações contra os policiais militares que torturaram moradores do Quilombo Silva entre os dias 24 e 25 de agosto.

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