No final da tarde de ontem, dia 14, os trabalhadores que passaram pela Esquina Democrática, no centro de Porto Alegre, certamente ouviram a palavra luta. Ela foi destacada como a principal ferramenta para barrar a Reforma da Previdência, durante o ato em defesa da Previdência Social.
A atividade reuniu entidades sindicais, movimentos populares, estudantes e parlamentares. O projeto de Reforma do atual governo deverá ser enviado ao congresso em breve, e foi caracterizado como o fim da previdência social por muitos dos trabalhadores presentes.
A previdência é hoje o principal alvo do projeto de ajuste fiscal do governo para estabilizar a economia do país. Em contrapartida, a maior parte do Produto Interno Bruto é investida no pagamento dos juros e amortizações da dívida. Em maio de 2018, o Banco Central divulgou que o valor bruto da dívida pública chegou a 77% do PIB. Isso equivale a R$ 5,133 trilhões. De acordo com os cálculos do FMI (Fundo Monetário Internacional), a dívida pública chegará a 90% do PIB brasileiro este ano, e pode alcançar 100% em 2023.
Jorge Patricio, diretor do SindisprevRS, denunciou a precarização que já existe na seguridade social: “o governo quer jogar o atendimento para aplicativos na internet, mas não existe estrutura para isso”. Denunciou também a ausência de concursos públicos, que resulta na sobrecarga e carência de servidores, e o sucateamento da estrutura física, prejudicando o funcionamento do serviço.
Jorge Patricio denunciou o sucateamento do INSS
Houve denúncias sobre o regime de capitalização, que tira a responsabilidade do estado com a previdência; e sobre a destruição do BPC (Benefício de Prestação Continuada), direito garantido a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda.
Outras pautas também foram citadas durante a atividade, como o recente desastre da empresa Vale, na cidade de Brumadinho (MG); a necessidade de debater a proposta de criminalização da LGBTfobia; e o assassinato da vereadora Marielle Franco, que neste dia completou 11 meses, ainda sem solução.
O dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, foi projetado como um próximo momento da luta. As mulheres serão um setor fortemente atingido pela Reforma da Previdência de Bolsonaro. Dentre outros ataques aos direitos, o presidente divulgou que o projeto elevará a idade mínima de aposentadoria das mulheres para 62 anos.
Durante o ato, foi divulgado um abaixo assinado em defesa da previdência pública e houve distribuição de materiais sobre a reforma da previdência