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Como a segregação racial ajuda a explicar as revoltas nos EUA

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Da varanda de sua casa, voltada para um estacionamento em Anacostia, bairro no sudeste de Washington, a aposentada Elaine Bush diz ter perdido a conta dos crimes que presenciou.

O último foi há poucos dias, ela conta à BBC Brasil. "Três mulheres desceram do carro e esfaquearam um homem parado na esquina. Ele sobreviveu, mas parece que ainda está no hospital", afirma Elaine, de 72 anos.

Leia mais: Violência eclode em cidade americana após funeral de jovem negro

Habitada quase exclusivamente por negros, esta região da capital americana tem os índices de violência mais altos, as maiores taxas de pobreza e algumas das piores escolas da cidade.

Na manhã da última sexta-feira, mulheres com bebês de colo esperavam para ser atendidas por assistentes sociais num centro comunitário, enquanto moradores de rua abocanhavam pedaços de peixe frito servidos por uma igreja.

Do outro lado da ponte que liga Anacostia ao resto de Washington, porém, o cenário muda radicalmente conforme se avança para o noroeste da capital, um dos metros quadrados mais caros dos Estados Unidos e reduto de funcionários públicos, diplomatas estrangeiros e universitários. Muda também a cor dos moradores: os negros quase desaparecem da paisagem, enquanto os brancos se tornam maioria.

As diferenças ilustram a segregação racial que vigora em várias cidades dos EUA, 50 anos após a Suprema Corte declarar inconstitucionais as leis que separavam negros e brancos. Segundo analistas, a segregação e a desigualdade alimentada por ela estão na raiz dos episódios de violência policial que têm provocado protestos pelo país.

A última grande manifestação ocorreu na segunda passada em Baltimore, a 60 km de Washington. O ato terminou com 144 veículos destruídos, 15 focos de incêndio e 202 prisões, segundo a polícia local. O protesto foi convocado após a morte, sob custódia da polícia, do jovem negro Freddie Gray.

Nos últimos meses, outras mortes de negros por policiais – entre as quais a de Michael Brown em Ferguson, Missouri, e a de Eric Garner em Staten Island, Nova York – levaram milhares de pessoas às ruas em várias cidades americanas e reavivaram o debate sobre violência policial e racismo nos Estados Unidos.

Bairros brancos e negros

Um estudo publicado no fim de março pelo Brookings Institution, um centro de pesquisas e debates em Washington, analisou a composição racial nos bairros da cidade de 1990 a 2010. A pesquisa revelou que quase todos os bairros no leste da cidade têm ampla maioria negra, enquanto os bairros a oeste são habitados majoritariamente por brancos.

No período coberto pela análise, quase não houve mudanças nesse padrão. Segundo a prefeitura de Washington, dentre os seus 660 mil habitantes, os negros são o grupo mais populoso (49,5%), seguidos por brancos (35,6%), hispânicos (10,1%) e asiáticos (3,9%).

O estudo afirma que os bairros da capital americana com ampla maioria branca têm menos de 10% de suas famílias abaixo da linha da pobreza, enquanto nos bairros negros o índice é de 22%. A pesquisa revela ainda que, enquanto 97% dos adultos em bairros brancos concluíram o ensino médio, nas áreas negras 82% fizeram o mesmo.

Richard Rothstein, pesquisador associado do Economic Policy Institute e professor da Faculdade de Direito da Universidade da Califórnia (Berkeley), diz que as divisões raciais de Washington se repetem em Baltimore, Ferguson e em outras cidades onde mortes recentes de homens negros geraram repercussão nacional. Leia mais acessando o link

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/05/150503_revoltas_eua_jf

 

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