Hoje comemoramos mais um dia da/do Assistente Social, porém de maneira atípica, em meio a uma pandemia mundial, a qual assume graves conseqüências no nosso país, historicamente marcado pela desigualdade social.
Vivenciamos ao mesmo tempo, uma crise política, protagonizada por um governo ultraneoliberal e autoritário que insiste em não reconhecer a gravidade da crise sanitária e tampouco toma medidas de enfrentamento em defesa à vida e às necessidades sociais da população, as quais se tornam ainda mais urgentes para sua sobrevivência nesse contexto. Pelo contrário, o governo aliado ao grande capital, se aproveita do momento de isolamento social que acarreta em fragilidades e vulnerabilidades de toda ordem vivenciadas pela população, especialmente aos mais pobres, negros/as e mulheres, para implementar medidas de aprofundamento das restrições de direitos sociais, de desregulamentação do trabalho e de intensificação da exploração da classe trabalhadora.
A pandemia escancara que a crise é do próprio sistema capitalista, que sua lógica estrutural não é capaz de promover equidade, justiça social, autonomia, liberdade e emancipação dos sujeitos, evidenciando suas contradições e acirrando as expressões da questão social.
Esse cenário provoca inúmeros desafios ao conjunto dos trabalhadores, incluindo os profissionais Assistentes Sociais, como a precarização do trabalho, destacando de pronto os riscos e a exposição a que estão submetidos as/os Assistentes Sociais que atuam na área da saúde e que estão na linha de frente do atendimento aos pacientes com COVID 19, trabalhando sem os equipamentos necessários a sua proteção e segurança.
Somam-se a isso, a desregulamentação do trabalho e o desmonte dos direitos trabalhistas e previdenciários, o desemprego, o adoecimento ocupacional, bem como, os desafios à formação e ao exercício profissional.
A pandemia coloca novas demandas aos Assistentes Sociais que, em grande parte, são demandas institucionais que fogem às atribuições e competências profissionais. Aos Assistentes Sociais que estão em trabalho remoto se agrava o assédio institucional e o adoecimento psíquico. Esses profissionais, cuja atuação se efetiva de forma eminentemente presencial, vem tentando se reinventar para atender e socorrer as demandas da população usuária, porém sem a contrapartida das instituições em promover as condições de trabalho necessárias, sejam condições materiais, sejam condições políticas, vinculadas a ampliação dos direitos sociais, que deveria ser prioridade nesse momento de tragédia para a população pobre, periférica, negra e para as mulheres.
Aos Assistentes Sociais, saudamos pelo seu dia profissional e agradecemos pela contribuição de seu trabalho, indispensável e necessário na e para a sociedade, especialmente nesses tempos tão duros, de obscurantismo, autoritarismo e aprofundamento das desigualdades sociais, acirrados no contexto da pandemia. Pelo comprometimento ético e político com o projeto profissional crítico, pela defesa da vida, dos direitos humanos e da democracia.
Pelo compromisso em atender a população usuária em meio à situação de calamidade pública, ainda que em situação adversa e adoecedora. Pela capacidade de análise da conjuntura, de reflexão e de crítica ao seu fazer profissional. Pelo fôlego na realização dos enfrentamentos necessários, por sua resistência e luta incansável! Sobretudo, saudamos aos Assistentes Sociais que estão na linha de frente no atendimento aos pacientes com COVID 19 e às Assistentes Sociais mulheres, exploradas em duplas e triplas jornadas de trabalho, e vulneráveis a outras formas de opressão agravadas pelo isolamento social.
Aos Assistentes sociais nos solidarizamos, estendemos às mãos e nos colocamos a ombro a ombro na luta por uma sociedade mais justa e igualitária.