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Enquanto isso, na emergência

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Apesar dos bons resultados destacados pela pesquisa do IBGE, a realidade de quem precisa utilizar a rede de saúde pública demonstra que ainda há um longo caminho a ser percorrido. No mesmo dia em que o instituto alardeava os avanços alcançados nos últimos anos, a dona de casa Elenira Addam, 48 anos, empurrava com difilculdades a cadeira de rodas do pai, Alziro, 83 anos, entre os corredores do Hospital Conceição, na Capital.

Alziro tem o vírus HIV, dificuldades para respirar e já não anda mais. Diante de mais uma crise, Elenira saiu de casa em busca de um leito para o pai. Na tarde de ontem, com papéis na mão, esbaforida pelo esforço de carregá-lo de um canto para outro, ela seguia do setor de internação para a emergência. Não havia conseguido a vaga esperada e tinha de passar pelas agruras do setor mais abarratado das casas de saúde do Estado.

Na última vez que tentou uma internação, Elenira passou pelo mesmo processo. Chegou às 16h e só foi atendida às 21h. A entrada só foi autorizada na madrugada, depois de esperar pelos exames que comprovavam a necessidade de baixa. Em todo esse tempo, Alziro teve de permanecer na cadeira de rodas, aumentando o seu sofrimento e o de sua filha.

– Estou há mais de um ano nesta luta. Pulo de hospital para hospital. É o jeito que se tem para se conseguir atendimento – lamentou.

O gerente de internação do Conceição, Paulo Bobek, explica que a superlotação do hospital, com o fechamento de leitos em outras unidades, agravou a situação nos últimos meses. Segundo ele, todos querem ser atendidos na hora, mas os médicos precisam seguir regras de prioridades.

– Esse paciente pode esperar até 24 horas para ser atendido, segundo os critérios internacionais. Um paciente vítima de ataque cardiáco tem de ser atendido em três minutos – esclarece.

O caso de Alziro é um entre milhares de gaúchos e brasileiros que precisam passarpor via-crúcis para ter acesso à saúde. Além das internações, os serviços especializados, exames de maior complexidade e medicamentos são outros desafios que precisam ser superados no futuro. A chamada justiçaterapia, quando as pessoas precisam buscar na Justiça o direito à saúde, ainda é uma dura realidade, apesar dos números positivos do IBGE. Em Rio Grande, o bombeiro Everlei Lobato enfrenta há cerca de quatro anos uma batalha diária para que a mulher, Simone, não corra o risco de entrar em coma. O medicamento dela, que deveria ser fornecido pelo Estado, frequentemente está em falta.

– Às vezes, acaba na farmácia e eu preciso ir à Justiça. O meu último recurso já vai fazer um ano e ainda não foi julgado – reclama.

 


Fonte: Zero Hora

Crédito da imagem: Adriana Franciosi

 

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