“Está muito difícil conciliar os desejos de Bolsonaro com a realidade”, diz Nelson Teich.
O mais recente casamento de Bolsonaro – forma como o presidente se refere às suas relações políticas e de trabalho – com o Ministro da Saúde chegou ao fim.
Na manhã desta sexta-feira (15), Nelson Teich demitiu-se apenas 27 dias depois de ocupar o cargo ministerial.
O agora ex-ministro é a segunda troca na pasta da saúde e a terceira baixa deste ano entre o “time técnico “ de Bolsonaro. No final de Abril, o ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro também abandonou o governo, após o presidente interferir na Polícia Federal. Aparentemente Teich deixou o cargo por interferências de Bolsonaro. De acordo com publicações de grandes veículos, Nelson teria afirmado que Bolsonaro não se preocupa com evidências científicas, apenas com a economia apostando em minimizar a pandemia dando como alternativa para a cura da doença a hidroxicloroquina. Sobre isso Teich disse “não vou manchar minha carreira por causa da cloroquina”.
Para Sandra Natividade, diretora do SindisprevRS, o presidente age com irresponsabilidade, pois defende – entre outras coisas- o isolamento vertical “fica evidente que o que realmente importa é o avanço do capital na saúde da população”. A medida apontada por Bolsonaro como uma solução vai contra as orientações da Organização Mundial da Saúde e se mostrou ineficiente em vários países, entre eles a Suécia, país que não adotou o isolamento horizontal e que possui o maior número de óbitos por COVID-19 entre os países nórdicos europeus.
Com a saída de Nelson Teich quem assume interinamente o Ministério é o General Eduardo Pazuello, atual secretário-executivo do Ministério da Saúde. Pazuello não é médico, mas é considerado pelo governo como um candidato forte para permanecer na pasta, pois assim como Bolsonaro, acredita no uso da cloroquina, a revelia dos inúmeros estudos científicos que apontam a ineficiência do uso do medicamento no tratamento da covid-19.