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PELA VIDA DAS MULHERES TRABALHADORAS, VACINA JÁ!

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Desde março do ano passado, tudo mudou. Na linha de frente ou no trabalho remoto, as mulheres brasileiras vêm desempenhando papel central durante a pandemia. Sobrecarga, desvalorização e violência são problemas que historicamente denunciamos, mas que chegaram a outro patamar com o aprofundamento da crise. 

Na linha de frente, a guerra foi travada por punhos de mulheres, sem EPIs ou EPCs, sem testagem, sem distanciamento seguro. Elas são maioria em empregos precários, e por isso suas ocupações (geralmente mal remuneradas) as expuseram a riscos altíssimos (e consequentemente a suas famílias). 

As mulheres que passaram a trabalhar em casa, com certeza não estão em férias. O invisível trabalho doméstico disputa espaço com o trabalho remunerado no ambiente do lar, junto ao cuidado com os filhos, idosos ou doentes da família em tempo integral. O trabalho remoto, por sua vez, vem sendo realizado em condições inadequadas e com alta carga de trabalho. 

O isolamento social foi ainda ambiente propício para a violência doméstica em 2020, apesar do registro em delegacias diminuir em 10% em relação a 2019. Os feminicídios aumentaram (648 casos fatais), mesmo com subnotificação por equívoco com homicídios. Em paralelo, há uma política de invisibilizar as vítimas, com ocultação de dados sobre raça, orientação sexual e identidade de gênero por parte dos estados. A violência está associada também à dependência econômica: as mulheres são maioria no desemprego (mais da metade das brasileiras está hoje fora do mercado de trabalho e, no caso das mulheres negras, 54% delas não exercem trabalho remunerado).   

O aborto também foi assunto em 2020, em uma onda reacionária que questionou sua legalidade até mesmo em situações de violência sexual. A importante conquista da legalização do aborto na Argentina, embora geograficamente tão perto do Brasil, não encontrou por aqui solo para se expandir como debate real. É que as brasileiras veem um sistema de saúde em desmonte e estão profundamente empenhadas na luta pelo mais básico para a sobrevivência: renda, emprego, alimentação.  

Neste cenário, o retorno das aulas presenciais está sendo apresentado como se fosse a solução para a sobrecarga das mulheres que estão em casa ou que precisam trabalhar. Mas o plano nacional de retorno às aulas do Governo Federal é irresponsável e absurdo. Não podemos aceitar a reabertura das escolas sem antes vacinas estudantes e funcionárias (maioria mulheres) e sem protocolos seguros. No Rio Grande do Sul, isso ocorre no pior momento: bandeira preta, escolas despreparadas (onde falta até mesmo água e higienizadoras) e sistema de saúde superlotado. O retorno é inviável e só representa desespero e risco de contaminação, principalmente porque o cuidado domiciliar dos adoecidos também recai sobre as mulheres.  

Manter-se forte diante de tudo isso é uma necessidade e um desafio. Mas se tem algo que a pandemia escancara, é que não somos frágeis, fracas e nem passivas. Nossos problemas são gigantes e saídas efetivas são urgentes. Por isso a organização enquanto mulheres e trabalhadoras para manter nossa luta coletiva é mais do que nunca necessária! Precisamos encontrar meios de solidariedade, apoio mútuo e união. Juntas somos mais fortes para exigir vacina gratuita para todas e todos no Brasil e condições dignas de vida e de trabalho para nós e nossos filhos. Não somos heroínas, somos resilientes, e exigimos nossos direitos. Nossas vidas importam! 

 

 

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