Mais de quatro mil pessoas tentaram fundar nova central de trabalhadores
Entidades Nacionais do Movimento Sindical e Popular realizaram o CONGRESSO DA CLASSE TRABALHADORA – CONCLAT -, nos dias 5 e 6 de junho, no Centro de Convenções Mendes, na Cidade de Santos (SP). O Conclat reuniu cerca de quatro mil trabalhadores de todo o país, sendo 3.115 delegados e delegadas, além de observados e convidados de todos os estados do país, representando 537 entidades eleitos em mais de 900 assembléias de base realizadas entre os meses de abril e maio. SINDISPREV-RS e FENASPS estavam entre as entidades que enviaram delegações para o Congresso. O SINDISPREV estava representado por 54 pessoas, entre elas 17 delegados e 17 observadores de diversas regiões do Rio grande do Sul.
A idéia dos organizadores do congresso, composta pela Intersindical, Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas) Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL), o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), o Movimento Avançando Sindical (MAS) e representantes da Pastoral Operária da Cidade de São Paulo era resgatar o papel contestador e de mobilização que foram abandonados pelas centrais sindicais existentes devido ao atrelamento destas entidades ao Governo. Por isso, uma das principais pautas da nova entidade foi a autonomia em relação aos governos, setores patronais e partidos políticos.
Além disso, partiram da ideia de que nenhuma das três pré-candidaturas melhor pontuadas nas pesquisas eleitorais para Presidência da República – Dilma, Serra e Marina – apresentam uma diferença qualitativa quanto ao modelo econômico e, portanto, não estão no leque de diálogo com este movimento. Defendiam que a nova central não restrinja a ação apenas aos sindicatos, por entender que há uma mudança no perfil de organização dos trabalhadores. Por isso, buscavam abranger movimentos populares como os que lutam por terra e moradia.
As principais campanhas aprovadas no Congresso, antes da divisão, tinha como eixo de luta a redução da jornada de trabalho; defesa dos serviços públicos; luta contra o processo de criminalização dos movimentos sociais e defesa da Petrobrás como cem por cento estatal. Outras duas campanhas que de destaque é a luta pelo fim do fator previdenciário e contra a nova reforma da previdência proposta por Lula.
Relações internacionais – O Conclat teve a participação de cerca de trintas delegações internacionais de trabalhadores entre elas Grécia, Haiti, América Latina, França, Itália, Portugal, Estados Unidos e Japão. A participação destas delegações visava estreitar o intercâmbio de ações solidárias e a troca de experiências sobre políticas reduzem direitos sociais e trabalhistas.
Plenário do Conclat debateu vinte teses – Apresentadas por representantes das entidades e organizações que assinaram as teses que abordavam diversas propostas de como deve ser atuar a central que unificará Conlutas, Intersindical, MTL, MTST, MAS e Pastoral Operária de São Paulo.
As teses abordaram a análise da situação mundial e nacional e o plano de lutas que a central deveria colocar em prática; o perfil, concepção e caráter da entidade; novo nome e composição da primeira direção.
Um dos pontos que causou polêmica foi sobre a representatividade na direção da nova central. Havia concepções diferenciadas sobre a questão de estarem representados estudantes e grupos de gênero e raça na ocupação de cargos na direção da central.
Teses como a “Unidos por uma central de trabalhadores” e a da Intersindical defenderam que a nova central reúna apenas o movimentos sindical e popular, que expressem o mundo do trabalho e o caráter classista dentro da nova organização.
Por outro lado, teses como “Avançar na unidade para fortalecer as lutas da classe trabalhadora”, “Por uma central de trabalhadores classista” e “Por uma entidade classista, democrática e construída pela base” defendiam a unidade entre todos os setores classistas e combativos que lutam contra os ataques e a exploração capitalista, reunindo não só os trabalhadores organizados, precarizados ou desempregados, além de movimentos contra as opressões e também do movimento estudantil.
Outro ponto polêmico foi a questão em relação ao nome da nova central. Duas posições ficaram claras. De um lado aqueles que propunham que a central unificada fosse nomeada como Conlutas-Intersindical, e, por outro lado, aqueles que defendiam um novo nome, que componha e represente todos os movimentos do processo e de fato uma síntese de unificação.
A direção e o funcionamento da nova entidade também tiveram propostas variadas. Havia uma posição que apontava para uma Coordenação Nacional de Entidades, onde as organizações reúnam-se a cada dois meses para discutir e deliberar a política da central, a exemplo da experiência da Conlutas no último período. A representação devia ser definida pela base e com mandatos revogáveis a qualquer momento. Outra posição, defendida pela Intersindical, propunha que a direção fosse eleita nos congressos, pelos delegados presentes.
Na nossa visão, bem como na do bloco da Intersindical e do campo "Unidos pra Lutar", da Conlutas, o Congresso não foi concluído e será batalhado até o último instante a unificação, desde que haja respeito, democracia e um processo real de síntese, o que não aconteceu.