O país atravessou um dos processos eleitorais mais conturbados da sua história. O grande ausente das eleições foi o debate político sobre os rumos do país. Em seu lugar, o que se viu uma proliferação de notícias falsas, incitação da violência, declarações que incentivam todas as formas de preconceitos que existem na sociedade, e a defesa da ditadura em seu aspecto mais revoltante: a tortura. Neste contexto, a assembleia geral do sindicato, coerente com sua história, corretamente se posicionou na defesa das liberdades democráticas e individuais, reforçando sua autonomia e independência em relação a qualquer governo.
Apesar de o presidente eleito ter mantido o tom beligerante da campanha em seu primeiro pronunciamento na internet, logo após as eleições, é importante ressaltar que, na coletiva de imprensa que fez logo a seguir, ele expressou seu compromisso em respeitar a Constituição Federal, em especial a ordem institucional vigente e as liberdades individuais e democráticas consagradas na Carta Magna. Diante disso, nos cabe esperar que esse compromisso seja plenamente cumprido pelo presidente eleito, como é a vontade da ampla maioria dos brasileiros, e, também, que seja diligente para que todos os abusos praticados por quem quer que seja, contra as liberdades e garantias democráticas, sejam exemplarmente punidos.
Contudo, as medidas que estão sendo acertadas pelo governo Temer, juntamente com a equipe de transição de Bolsonaro, apontam para a aceleração do ritmo das reformas e dos planos de ajuste contra os serviços públicos e os direitos da população. As reformas administrativa e da previdência adquirem centralidade neste momento. A primeira está produzindo um verdadeiro desmantelamento do INSS, com enormes prejuízos para os servidores e para a população. Já a reforma da previdência, que está em pauta na Câmara dos Deputados e é amplamente rejeitada pela sociedade, tem como objetivo retirar direitos sociais de trabalhadores que contribuíram uma vida inteira para garantir o pagamento da dívida pública.
Hoje, mais do que nunca, a categoria e a sociedade devem estar organizadas para enfrentar as reformas e os planos de ajuste. A tarefa primordial que se coloca nesse momento é superarmos a divisão que se produziu durante o processo eleitoral e assim garantir a mais ampla unidade em defesa da seguridade social, dos serviços públicos e dos nossos direitos. O SINDISPREV/RS reafirma seu compromisso com a defesa das garantias e das liberdades democráticas consagradas na constituição e com a defesa dos interesses dos servidores.